Know how?
A experiência não se compra. E por muito que se tentem adquirir livros e conselhos amigos, há coisas que não dá para aprender por osmose. Daqui diria Espinoza, partem dois caminhos intrincadamente complexos para a aprendizagem. Ou se aprende a ver fazer ou se aprende fazendo. O know how que aqui refiro, é a segunda forma de aprendizagem. Actualmente todas as pessoas perguntam se temos experiência. E com isto pretende-se significar que já fizemos ou exercemos a função / tarefa que nos estão a inquirir. Porque, ver fazer, mesmo que muitas vezes - podia [ser] mas não é a mesma coisa...
Tais factos adquirem significado máximo no mundo da Medicina. Antes de sermos autónomos vemos fazer, vezes e vezes. Repetimos mentalmente todos os passos. Mas quando somos confrontados com o doente, toda a dinâmica mental muda. Simplesmente, porque estamos perante um ser humano, cujas reacções vão modular a nossa resposta, necessariamente. Temos de traçar um rumo, e não nos deixar afastar daquilo que queremos do doente, e daquilo que realmente interessa. As reacções do doente não podem ser ignoradas ou subvalorizadas, mas não podem suplantar o nosso raciocínio clínico.
Infelizmente, esta expressão foi ficando cada vez mais vazia, porque para a maioria das pessoas o know how aprende-se por livros...ou com conselhos da voz do alheio. E por força de ver fazer os outros ou de ler o que outros fizeram, acham-se imediatamente habilitados para reproduzir os mesmos sucessos. Receio que com tanto know how, se comece a perder a humildade da aprendizagem. E sobretudo, de reconhecer quando "doesn't know how".
by Elmo
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