sábado, dezembro 08, 2007

Cinema Império




Três meses depois de ter encerrado portas, por ordem da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), proprietária do imóvel, o Café Império foi ontem devolvido aos lisboetas. A abertura ao público está prevista para quarta-feira, depois de profundas obras de renovação, orçadas em 1,1 milhões de euros.

O Café Império, aberto desde 1955 e um dos ex libris de Lisboa, foi encerrado por aquela confissão religiosa. O fecho levou ao despedimento de 18 funcionários e provocou grande contestação popular, pelo receio que o histórico estabelecimento desse lugar a mais uma sala de culto da IURD, dona das instalações do antigo Cinema Império.

Um mês mais tarde, a IURD avançou com obras, entretanto embargadas pela Câmara de Lisboa, levando o proprietário a mudar de planos e a trespassar o café.

Desde Maio sob a gestão de Paulo Ribeiro, o espaço promete redinamizar a capital, atrair os turistas e promover o entrosamento das várias gerações. "Queremos trazer de volta a magia e o glamour dos anos 50, promovendo o convívio entre pessoas de todas as idades. A ideia é levar também os mais jovens a usufruir deste lugar", explica ao DN o gerente do Café Império.

"Este é um sonho em que arriscámos tudo ", conta Paulo Ribeiro, adiantando que o novo espaço vai oferecer diferentes momentos durante o seu horário de funcionamento, entre as 07.00 e as 2.00. O almoço será económico e servido num ambiente carregado de história. O célebre bife à Império continuará a fazer parte da ementa. O jantar, por sua vez, terá como acompanhamento música ambiente ou ao vivo. Finalmente, e a partir da 23.00, o restaurante transforma-se num bar nocturno, com uma tela de cinema.

O Café Império terá ainda um espaço reservado às crianças, outro para os mais jovens, com acesso à Internet, e um salão para casamentos e conferências. A decoração modernista, com quadros que retratam os artistas da época, assim como a equipa original, foram mantidas, salvaguardando o espírito que esteve na génese do mítico espaço lisboeta. Durante anos, o Império foi local de encontro da juventude "e berço de amizades que perduram até hoje", defende João Taveira, presidente da Junta de Freguesia de Arroios.

Gonçalves, o empregado mais antigo, está convencido de que valeu a pena lutar pela continuidade do café: "Não queremos que o Império seja só um café, mas também uma casa de cultura". A trabalhar naquele estabelecimento há 34 anos, o funcionário recorda que quase todos os cafés históricos de Lisboa desapareceram: "É importante manter estas casas que são um bem para a nossa cidade", remata.

DN 18.08.2006




Cinema Império como eu ainda o conheci!

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