quarta-feira, setembro 17, 2008

Lehman: afinal o disparate tem custos, por Camilo Lourenço

"No recente périplo pela Europa, Warren Buffett confessou, com uma lata de Coca-Cola na mão (empresa da qual disse ser investidor), que se mantinha fiel a um princípio: não comprar acções de bancos. Na altura não entendi o porquê da aversão ao sector financeiro. Até que mão amiga me fez chegar uma carta de Buffett aos accionistas da sua empresa... escrita em 2003!

O documento qualificava derivativos e outros produtos, altamente "alavancados", como "armas financeiras de destruição maciça". Porquê? Por serem produtos tão complexos que se tornava difícil avaliá-los (e porque as autoridades haviam perdido o controlo da situação).

Era o caso do Lehman: a empesa tinha parqueados, em 2007, fora do balanço, 738 mil milhões de dólares em derivativos... Era um desastre à espera de acontecer. Como podia ter acontecido ao Bear Stearns, à Merril Lynch (comprada pelo BoA)... e como pode acontecer a outros, em dificuldades.

A falência do Lehman tem riscos? Tem. Grandes. Porque não se pode afastar o efeito de contágio. O problema é que o inverso (segurar todas as instituições com problemas) não era opção: não há receitas fiscais que suportem "bailouts" de biliões de dólares.

O FED e o Tesouro perceberam (finalmente) que estavam a passar ao mercado a mensagem errada: a de que os disparates não têm custos. "No longer..."

Salvé. Talvez agora accionistas e gestores passem a ser mais responsáveis. "

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