quarta-feira, outubro 29, 2008

Elmo's Post Weekly

O que queremos e o que devemos

A propósito do conceito de vida saudável temos tantas regras que nos guiam para o que devemos. Seja a nível da alimentação, exercício físico e estilos de vida a adoptar.
Nunca percebi muito bem porque é que o que queremos e o que devemos, têm de ser conceitos praticamente antónimos. No limite, a felicidade deve ser algo que se atinge (à semelhança do Nirvana, mas sem termos de flutuar acima do nível do solo) quando estas duas linhas, ao invés de serem paralelas se tornam de alguma forma, perpendiculares ou pelo menos, se intersectam. E daí a explicação tão sumária de que a felicidade não é um continuo mas antes, momentos. Esses momentos devem traduzir a intersecção de destas duas rectas que em muitas vidas teimam em ser tão paralelas quanto é possível na Geometria clássica, que segundo a definição nunca se cruzam.
Na vida as nossas escolhas acabam por ser limitadas por aquilo que devemos. Muito embora haja quem diga que não sabe o que quer, esses também acabam por ser felizes. Porque não sabendo o que se quer, pode reger-se pelo que se deve. Tal facto concorre para explicar a teoria que afirma a ignorância como um estado de felicidade.
Sabendo o que se quer, e não coincidindo com o que se deve, as coisas tornam-se bem mais espinhosas. E se seguirmos o que devemos, temos a consolação moral de nos termos orientado pelos princípios éticos. Se pelo contrário, seguirmos o que queremos teremos a oportunidade de experimentar o gozo da transgressão dos valores morais. E em boa verdade, esse haunting pode ser tão evidente que posto numa equação daria na anulação de toda e qualquer vantagem do querer, ficando com pontos negativos em detrimento do dever.

Deve ser essa a explicação que nos pacifica o espírito, por termos optado pelo dever, mesmo quando interiormente desejaríamos passar o risco para lado de lá do querer. Só pode.
By Elmo.

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